As
eleições começaram e a geração jovem de Itabela continua cheia de energia e
avidez para defender suas ideias e ideais. Rolam comentários e posts aos montes
nas redes sociais (Facebook, Twiter, Orkut, MSN etc.) defendendo com unhas e
dentes este ou aquele candidato. Mas, aqui vai uma palavra de cautela: O lado bom
nem sempre é o mais festejado.
Quando
se é adolescente nosso corpo (e mente) entram em estado de ebulição. Os
hormônios misturam os sentimentos. O corpo muda e o indivíduo não é mais
criança, mas ainda não é um homem. Entretanto, a Lei brasileira permite que o
jovem de dezesseis anos, que ainda é um ser em construção, participe dos
debates e decisões políticas do país. Desse modo, não há como fugir dessa
questão polêmica: Quem vai ensinar os nossos jovens a votar?
Gente
jovem é meio maniqueísta. Para ele, tem o político bom e o mal. O bom é sempre
o dele. No entanto, o bem e o mal na política não aparecem explicitamente.
Porque o discurso político é cheio de camuflagens. Muitas vezes, o mal parece
bom e o bom parece mal. Isso acontece em razão dos recursos linguísticos que se
usam para subverter os incautos. Desses, a maioria são jovens em processo de
formação. Se observarmos o que se ensina na escola, veremos que não existe no
currículo do ensino básico a disciplina Análise do Discurso. Essa disciplina só
é ensinada na Universidade de forma sucinta. Isso significa que os nossos jovens
não estão aprendendo a ler nas entrelinhas o que está escondido debaixo dessa
avalanche de propaganda que se veicula na mídia em época de eleição. Assim, o
que sobra em fervor ao jovem, falta em perspicácia na hora de votar. Perspicácia
é a capacidade de ver além do óbvio. Esse atributo impediria o eleitor de
aceitar ingenuamente a propaganda espetaculosa de alguns candidatos que usam
como mote de suas campanhas justamente aquilo que mais atrai os adolescentes: o
entretenimento. Vale ressaltar que a perspicácia pode ser desenvolvida na
escola ou com a experiência dos anos.
Na
época dos mandatos de Ivo Manzoli (duas vezes), Ismael etc., muitos desses
jovens, sequer existiam e eu era um jovem como eles; adorava os Showmícios; o oba-oba; as passeatas puxadas por carros-de-som nas ruas da cidade. Não sabia que por trás
de toda aquela exacerbada apresentação do candidato, havia interesses de
classe, jogos de poder. Tampouco entendia os acordos para licitação desonestos entre empresas e a
prefeitura e outros tantos subterfúgios usados pelos políticos que querem permanecer no poder a qualquer custo. Eu aconselho aos jovens e novos cidadãos itabelenses
a pesquisar sobre esse momento político de Itabela _ o período de 1989 até
próximo ao ano 2000. Muita coisa sórdida aconteceu em Itabela naquela década.
Se fizermos uma comparação, também perceberemos que os personagens não mudaram
muito, apenas os discursos. Ter vivido a história política de Itabela desde a
sua emancipação me deixa com "nojo" de certos candidatos em vista da
hipocrisia. Mas, essa realidade não era clara pra mim naquela época. A verdade estava
ofuscada pelo espetáculo.
Hoje,
os recursos tecnológicos evoluíram. Além da TV e do Rádio, os políticos
aprenderam a usar as redes sociais, os blogs etc. Mecanismos bastante
utilizados pelos nossos filhos. Homens que estão em formação, mas que ainda não
aprenderam na escola a fazer leituras reflexivas sobre os discursos ideológicos.
O
lado bom, nem sempre é o lado mais festejado. Acredito que, talvez, o lado bom
seja aquele lhe dá um certo otimismo, orgulho de se sentir filho de Itabela,
como eu me senti nos últimos quatro anos no Governo de Caribé. Vi os pontos
fortes e fracos de sua administração. Obtivemos poucos recursos, contudo, foram
usados com bom critério. Investimentos em educação e saúde ganharam prioridade
em seu governo. Não obstante, em minha opinião, sobressaiu como ponto mais positivo
nesta administração o livre direito do cidadão Itabelense de criticar. Nenhum
homem ou mulher sofreu assédio moral ou foi coagido para apoia-lo. Houve
liberdade para expressar suas ideias, manifestar suas opiniões sem correr o
risco de ser perseguido ou sofrer represálias (fato corriqueiro até a
administração passada).
Eu
percebo como o clima pesa quando digo abertamente que sou ANTIDAPEZISTA. O
grupo adversário não é democrático. Não aceita ser contrariado. Por isso eu
brado: ANTIDAPEZISTA SIM! Sim, sou com fervor! E agora muito mais
obstinadamente!
Qual é o julgamento que fazemos de um povo que decide espontaneamente votar em um candidato que foi investigado e preso pela Polícia Federal? |
Não
odeio nenhum deles. Não existe em mim a capacidade de odiar ser humano algum. Odeio
o que fazem com homens e mulheres que ousam insurgir contra a opressão. Odeio a
forma inescrupulosa como agem para se perpetuarem no poder. Odeio quando se
apoderam de verbas até mesmo do PETI, tirando a comida da boca de crianças que
não tem nenhum protetor. Isso é covarde! Repulsivo! Essa mentalidade é tão
absurda que eu considero pior do que a ação de traficantes usarem crianças como
aviõezinhos do crack. Por que esse ato sozinho de desonestidade acaba com toda
a chance de futuro de uma criança. Os aviõezinhos se iludem com o dinheiro que
recebem dos seus falsos protetores, mas ainda há esperança. E o Prefeito que
subtrai a verba destinada a crianças carentes do PETI está destruindo o futuro
delas PARA SEMPRE. Tais questões precisam ser debatidas com profundidade nessas
eleições 2012. Será que o Show de Aline Barros anulou o desgosto, a desilusão,
a frustração de ganhar as manchetes como mais uma cidade vítima de corrupção
flagrante? Será que a rádio 104 FM, com seus serviços filantrópicos e programas
sensacionalistas, conseguiu diminuir a vergonha de termos o primeiro prefeito da
cidade algemado publicamente e preso pela polícia federal?
Reflita:
Qual é o julgamento que fazemos de um povo que decide espontaneamente votar em um
candidato que foi investigado e preso pela Polícia Federal?
Flávio Porto - Radialista Profissional DRT 6500.